quinta-feira, 20 de abril de 2017

Na luta 30.000 pessoas, nas Ocupações da Izidora, se libertam da cruz do aluguel.

Na luta 30.000 pessoas, nas Ocupações da Izidora, se libertam da cruz do aluguel.
Por frei Gilvander Luís Moreira


Dia 18/4/2017, o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, suspendeu pela 2ª vez as reintegrações de posse das três ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), em Belo horizonte e Santa Luzia, MG. Com essa decisão, cerca de 8.000 famílias (30.000 pessoas) avançam a passos largos na luta pela sua libertação da cruz do aluguel, da especulação imobiliária, da falta de reformas agrária e urbana, etc. Que beleza!
Dia 28/9/2016, as 8.000 famílias das Ocupações da Izidora foram humilhadas pelo órgão superior do TJMG que, por 18 votos a 1, autorizou o governador de Minas, Pimentel, a autorizar milhares de policiais da Polícia Militar de MG a despejar cerca de 30.000 pessoas, sem nenhuma alternativa digna prévia. A indignação sentida pelo povo se transformou em determinação em não aceitar os despejos. O povo levantou a cabeça e continuou lutando, mesmo debaixo de uma espada de Dâmocles que tirou o sono de muita gente por seis meses. Ainda bem que o governador de Minas não perdeu a cabeça e não autorizou a PM a tentar despejar, pois seria um massacre de proporções inimagináveis. Entretanto, após as visitas de Lula, dia 30/11/2016, e do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, dia 02/4/2017 – visitas que consolaram o povo e animaram a luta - dia 18/4/2017, os humilhados foram exaltados pela decisão do ministro Og Fernandes que derrubou a decisão do TJMG.
O ministro Og Fernandes considerou existente “os requisitos do fumus boni juris, correspondente à probabilidade de êxito do recurso, e do periculum in mora, relativo ao risco de dano grave e de difícil reparação ao direito”. E percebendo que a reintegração de posse “poderá ensejar graves danos sociais às vítimas da remoção forçada e até responsabilização estatal perante órgãos internacionais de proteção aos direitos humanos”, escreveu Og Fernandes: “entendo que o caso seja de deferimento (concessão) da medida liminar pleiteada”. O ministro assinalou ainda que “providência similar foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da Medida Cautelar na Ação Cautelar n. 4.085/SP, Rel. Ministro Dias Toffoli, DJe 08/3/2016, na qual se impediu o cumprimento da reintegração de posse da área conhecida como (Ocupação da) Vila Soma, localizada no Município de Sumaré, SP, a fim de se evitar a exacerbação do litígio em questão”. Cumpre recordar que a decisão do ministro Dias Toffoli, referida acima, foi inspirada na decisão do ministro Og Fernandes que, em 29/6/2015, mandou suspender os despejos das Ocupações da Izidora. Ou seja, uma decisão positiva animando outra.
Com esses argumentos, o ministro Og Fernandes, que tinha sido premiado pela ministra Carmem Lúcia, presidenta do STF por causa da 1ª decisão de suspensão do despejo das 30.000 pessoas das ocupações da Izidora em 29/6/2015, deferiu o 2º pedido liminar do Coletivo Margarida Alves, que defende juridicamente as milhares de famílias das ocupações da Izidora, e, assim, o ministro Og, dia 18/4/2017, atribuiu efeito suspensivo ao recurso em Mandado de Segurança, suspendendo os efeitos do acórdão recorrido até o julgamento final do presente feito que provavelmente demorará vários meses. O povo sabe o que deve fazer nesse tempo.
A conquista de moradia digna, própria e adequada pelo povo das Ocupações da Izidora se tornou uma estrela que se acendeu no Brasil para guiar os passos de 6.000.000 de famílias que ainda estão debaixo da pesadíssima cruz do aluguel e sendo super-explorado pelo sistema do capital, máquina de moer vidas humanas e de toda a biodiversidade. O caminho é, de forma organizada, ocupar os terrenos ociosos que não estão cumprindo a função social, pois enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito e um dever.
Nossa eterna gratidão a Manoel Bahia e Ricardo Freitas (Kadu) que tombaram nessa luta. A doação da vida de vocês não foi em vão. Vocês viverão sempre em plenitude e em nós na luta. Só perde quem não entra na luta das ocupações ou da luta desiste.
Abraço na luta.
Frei Gilvander Moreira, em Belo Horizonte, MG, Brasil, tarde com temperatura agradável do dia 20/4/2017.


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) SUSPENDE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BELO HORIZONTE, MG, PELA 2° VEZ!

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) SUSPENDE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DAS OCUPAÇÕES DA IZIDORA, EM BELO HORIZONTE, MG, PELA 2° VEZ!


As coordenações das Ocupações-comunidades da Izidora (Esperança, Rosa Leão e Vitória), os movimentos sociais Brigadas Populares (BPs), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), e o Coletivo Margarida Alves (CMA) vêm a público informar que o Ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de Brasília, decidiu na data de hoje, 20 de abril de 2017, pela 2a vez suspender qualquer tentativa de despejo por parte dos supostos proprietários da área da região da Izidora e da Polícia Militar de Minas Gerais, comandada pelo governador Fernando Pimentel (PT), contra as 8.000 famílias das ocupações-comunidades da Izidora.
A decisão suspende a decisão injusta e covarde proferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), dia 28 de setembro de 2016, quando por 18 votos a 1, os desembargadores do TJMG autorizaram o Governador de MG e a PM de MG a despejar 8.000 famílias sem nenhuma alternativa digna prévia por entenderem que não haveria violação aos direitos humanos de mais de 30.000 pessoas que moram nas ocupações urbanas da Izidora. Desde o ano de 2013 o povo da Izidora construiu, através da luta em conjunto com os movimentos sociais e grande rede de apoio, três bairros irmãos.
A decisão do STJ é importantíssima, porque suspende juridicamente qualquer possível tentativa de despejo contra as comunidades, reconhecendo a necessidade de respeito aos direitos das famílias das Ocupações e solução responsável e digna para este que é um dos sete maiores conflitos fundiários urbanos do mundo. Ainda essa decisão representa mais uma oportunidade para as autoridades (Prefeitura de Belo Horizonte e Governo do Estado de Minas Gerais) darem um fim justo, digno e idôneo ao conflito fundiário e social da Izidora, realizando a regularização fundiária e urbanização, sem derrubar nenhuma casa!
Reafirmamos que sob as terras da Izidora pesam fortes indícios de grilagem. São nove irregularidades na cadeia dominial da matrícula 1202 da Granja Werneck S.A, documento das terras em promessa de venda para a Construtora Direcional. Além do que as terras estavam abandonadas e sem cumprir qualquer função social, desrespeitando, assim, a Constituição brasileira e o Estatuto da Cidade há décadas.
Lembramos também que, essa importante vitória, que ainda não é definitiva, só foi conquistada através da luta das coordenações, movimentos sociais, advogadas e advogados populares, arquitetas e arquitetos populares, rede de apoio, e, principalmente, através da resistência popular do povo que fez dezenas e dezenas de lutas coletivas. Há muito as comunidades já davam o seu recado para as tentativas de despejo oferecidas pelas autoridades: não aceitamos nenhum direito a menos!
Avante Izidora, rumo à urbanização!
Se o presente é feito de lutas, o futuro nos pertence!
Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito e um dever!
Pátria Livre! Venceremos!

Belo Horizonte/MG, 20 de abril de 2017.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Frei Gilvander em Culto na festa dos 8 anos da Ocupação Dandara, em Bel...

Frei Gilvander em Culto na festa dos 8 anos da Ocupação Dandara, em Bel...

Fazendeiro e jagunços ferem cinco Trabalhadores e Trabalhadoras do MST a bala no Norte de Minas, em emboscada.

Fazendeiro e jagunços ferem cinco Trabalhadores e Trabalhadoras do MST a bala no Norte de Minas, em emboscada.


       Neste domingo, dia 09/04/2017, cerca de 300 trabalhadores rurais Sem Terra foram covardemente atacados pelo fazendeiro Léo Andrade e seus capangas. Léo se diz dono da Fazenda Norte América e no passado, acusado de desvio de recursos públicos na gestão do prefeito Ruy Muniz, foi preso em Montes Claros, no norte de Minas. Os trabalhadores camponeses saíram em marcha nas proximidades do Acampamento Alvimar Ribeiro para protestar e denunciar a paralisação da reforma agrária, do descaso do Governo Federal e do Governo do Estado de Minas Gerais. Segundo os relatos, no caminho foram alvejados por tiros efetuados por Léo Andrade e seus capangas que estavam na carroceria de uma Hilux dirigida pelo próprio fazendeiro. O resultado deste ataque repulsivo, criminoso e hediondo foi cinco camponeses e camponesas feridos covardemente.
O MST ocupou a fazenda Norte América no início do ano de 2017 e até então centenas de camponeses resistem pressionando o Estado para realizar a reforma agrária naquele latifúndio que tem mais 3.000 hectares e está localizado em Capitão Enéas, Norte de Minas Gerais. O título da terra está no nome de Antônio Ildeu Figueiredo e a fazenda está hipotecada, Léo Andrade alega que tem a posse da área. Segundo os trabalhadores Sem Terra no momento do ataque eram mais de 6 pistoleiros. A polícia militar prendeu apenas 2 deles, armas e munição. O clima está muito tenso na região. Os demais pistoleiros estão na região e os trabalhadores, homens, mulheres, idosos e crianças estão resistindo no acampamento Alvimar Ribeiro. Alvimar foi gente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) durante 40 anos em Minas e especialmente no norte e noroeste do estado.
Como uma das mães do MST, a CPT e todos seus agentes de pastoral hipotecam irrestrito apoio à luta do MST pela terra e pela reforma agrária tão necessária no nosso país cada vez mais latifundiário. Repudiamos com veemência todos os tipos de violência do latifúndio, dos latifundiários, do agronegócio, do Estado cúmplice da super-exploração e expropriação que se abatem sobre o campesinato brasileiro. Nosso abraço solidário às centenas de camponeses do Acampamento Alvimar Ribeiro. Contem sempre conosco, pois a luta pela terra e pela reforma agrária é nossa também.
Cobramos ação do Governo de Minas para prender os pistoleiros e o mandante que tentaram assassinar os trabalhadores Sem Terra. Que o poder judiciário julgue e puna exemplarmente os jagunços e mandante de mais esse hediondo crime do latifúndio, dos latifundiários, do agronegócio, do Estado e do sistema do capital. E que se faça reforma agrária na fazenda Norte América também.
Tentaram fazer uma sexta-feira da paixão em Capitão Eneias, mas estamos construindo um domingo de ressurreição a partir do Acampamento Alvimar Ribeiro. Coragem, companheiros do MST! Os opressores parecem gigantes, mas têm pés de barro! Venceremos! O Deus da vida está na nossa luta pela terra e pela reforma agrária.

Assina essa Nota pública.
Comissão Pastora da Terra – CPT.


 Montes Claros, MG, Brasil, 10 de abril de 2017.

Dandara, Belo Horizonte, festa de 8 anos de luta e muitas conquistas: de...

domingo, 2 de abril de 2017

Kalil visita as Ocupações da Izidora e reafirma que não terá MCMV na Izi...

Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, visitou as ocupações-comunidades da Izidora e reafirmou compromisso de urbanizá-las e não aceitar implementar Minha Casa Minha Vida em nenhuma das áreas ocupadas.

Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, visitou as ocupações-comunidades da Izidora e reafirmou compromisso de urbanizá-las e não aceitar implementar Minha Casa Minha Vida em nenhuma das áreas ocupadas.


Hoje, dia 02/04/2017, das 10h30 às 14h45, o prefeito de Belo Horizonte, MG, Alexandre Kalil, visitou as Ocupações-comunidades-bairros da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória), onde há 4 anos 8.000 famílias moram e já construíram acima de 5.000 casas de alvenaria, em terrenos que não cumpriam sua função social e que tem indícios de grilagem (nove irregularidades na cadeia dominial da matrícula 1202, da Granja Werneck S.A), inclusive. Kalil girou em grande parte da Ocupação Vitória, recebeu inúmeros abraços e o carinho do povo que foi imprescindível na eleição dele.
Kalil ouviu o pronunciamento de várias  lideranças nas três comunidades da Izidora e reafirmou o que já tinha dito às coordenações e aos representantes das Brigadas Populares (BPs), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e das/os advogados/as do Coletivo Margarida Alves, e repetiu nas três ocupações-comunidades-bairros Rosa Leão, Vitória e na Esperança que não aceitará e nem assinará nada para realização do programa Minha Casa Minha Vida na Izidora, que a história de construir prédios na Izidora pela Direcional é página virada, que nenhuma casa será demolida, que se empenhará muito para terminar a demanda jurídica, que regularizará fundiariamente e urbanizará 100% das áreas ocupadas das três ocupações-comunidades da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória).
O prefeito Kalil reafirmou diante de multidões de pessoas presentes em assembleias nas três ocupações da Izidora que acabou a ideia de predinhos na Izidora e que agora é conseguir dinheiro para urbanizar as ocupações. Ficou decretado: Direcional fora das ocupações-comunidades da Izidora! Entramos numa nova fase da luta!
Ao lado de sua esposa Ana, Kalil se emocionou muito ao ver o povo na praça lotada na Ocupação-comunidade Vitória rezando e orando um Pai Nosso, cantando “Nossos Direitos Vêm (bis), se não vêm nossos direitos, o Brasil perde também. Quem negar nossos direitos será negado também. Já chega de tanta conversa sem cumprir para ninguém, mas com todo o povo unido, a luta muda de sentido e nosso direito vem”. E gritando: “Com luta, com fé a casa fica em pé!” (3 vezes). Após ser aplaudido inúmeras vezes pelo povo, Kalil, sua esposa Ana e sua equipe de segurança almoçaram junto com dezenas de pessoas na casa da Aninha e do Adão, comendo comida feita em fogão de lenha, com frutos saudáveis da horta comunitária do Vitória.
Mariana, poetisa da Rosa Leão, e outra poetisa declamaram poesias e o MC Salve, da comunidade Vitória cantaram música que embala nossa luta por moradia. Viva a luta junto com arte e cultura que emancipa!
Que beleza mais uma vitória na renhida, mas justa e necessária luta por moradia própria, digna e adequada. Tenho certeza que Manoel Baía, Kadu e outros companheiros que tombaram nessa luta estão felizes partilhando vida em plenitude, nos inspirando e nos protegendo. Parabéns a todas/os que acreditam na luta coletiva em prol de direitos sociais que só se conquistam na luta. Só perde quem não entra na luta coletiva ou dela desiste. Pátria livre! Venceremos!
Abraço terno.  Frei Gilvander Moreira, pela CPT/MG.

Obs.: Em breve, publicaremos os vídeos registros da visita do Kalil às comunidades da Izidora dia 02/04/2017. Estarão disponibilizados no youtube, nos blogs das ocupações da Izidora, em páginas do facebook e em www.freigilvander.blogspot.com.br , inclusive.