quinta-feira, 2 de julho de 2015

Marcha das ocupações urbanas da Izidora e outras ocupações pelo direito de manifestação e pelo direito à moradia digna! Nota pública.

Marcha das ocupações urbanas da Izidora e outras ocupações pelo direito de manifestação e pelo direito à moradia digna!
Nota pública.
    No ano de 2014, as ocupações urbanas de Minas Gerais realizaram diversas marchas e manifestações pacíficas pelo Despejo Zero. Com luta e com garra, o povo organizado conseguiu a promessa do governador Fernando Pimentel (PT) de que não haveria despejo no Estado de Minas Gerais durante o seu mandato sem construção de alternativas de moradia digna prévia para as famílias. Movimentos Sociais junto com as Universidades trabalharam duramente na construção de uma “Mesa de Diálogo e Negociação Permanente com as ocupações urbanas e do campo” na esperança de uma nova forma de tratamento da questão social da moradia, uma imensa injustiça urbana.
No entanto, o Governo de MG agora tem descumprido a sua palavra excluindo as ocupações urbanas das mesas de negociação e oferecendo ao povo pobre o despejo e a violência policial como única resposta aos conflitos sociais, tratando moradia como caso de polícia. As ocupações Paulo Freire, Maria Guerreira e Maria Vitória, em BH e Dom Tomas Balduíno, Shekina e Nova Canaã, de Betim, foram excluídas da mesa. As ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória – Ocupações da Izidora - vivem uma grave ameaça de despejo forçado anunciado pela Polícia Militar (PM) no dia 19 de junho de 2015.
Em uma sexta-feira, dia 19/06/2015, na parte da manhã, acontecia uma marcha dos moradores das ocupações da Izidora (Rosa Leão, Esperança e Vitória) rumo à Cidade Administrativa que transcorria de forma pacífica e sem obstrução da via, mas foi brutalmente reprimida pela PM de MG de forma completamente covarde e arbitrária. Foram utilizadas balas de borracha, spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral, inclusive jogadas do helicóptero da PM, contra trabalhadores e trabalhadoras atingindo crianças e idosos deixando mais de 80 feridos e quase 40 pessoas presas.
Veja relatório da repressão e das agressões no link, ab abaixo:   http://coletivomargarida.blogspot.com.br/2015/06/relatorio-sobre-as-agressoes.html.
E no vídeo no link, a seguir: https://youtu.be/NrDTz5_rlQ8
Em decisão liminar publicada no dia 01 de julho de 2015, o Ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça, de Brasília, reconheceu o completo despreparo da PM de Minas para cumprir os mandados de reintegração de posse nessas três ocupações.
Convém transcrever trecho da decisão do Ministro:
“De outra parte, a urgência na suspensão da medida é inerente ao caso, pois não há, por  ora, qualquer garantia de que a intervenção estatal ocorrerá dentro dos critérios estabelecidos. E, uma vez perpetradas as medidas sem a observância nas normas legais, o prejuízo causado será irreparável.”
Hoje, quinta-feira, dia 02 de julho de 2015, as famílias da Izidora e de outras ocupações de Belo Horizonte retomam as ruas de BH em marcha pacífica, mas firme, pelo direito de manifestação como forma de livre expressão de ideias e luta por direitos. As manifestações políticas são um valioso instrumento de concretização da liberdade de manifestação do pensamento e do direito de se manifestar. As milhares de famílias que moram na região da Izidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG, sabem que o seu direito à moradia e à cidade só pode ser conquistado com muita luta coletiva, nas ruas e com pressão social. Afinal, nenhum direito se mendiga, mas é conquistado nas ruas, no clamor dos espoliados e oprimidos.
As famílias também marcham por um processo de negociação justo e ético, que efetive uma política urbana que atenda aos seus reais interesses dos sem-casa. Nesse sentido, não é justo que a proposta da empresa Direcional + Governo de Minas Gerais + Prefeitura de BH, para as ocupações da Izidora, de derrubar todas as 5.000 casas para depois construir prédios de 8 andares, sem elevadores, com apertamentos de 43 m² seja aceita. É necessário manter e desapropriar – regularizar fundiariamente – pelo menos a maior parte das ocupações já consolidadas, pois elas já expressam uma forma de vida legítima manifesta em laços fortes de solidariedade, segurança alimentar por via da produção de alimentos em hortas e consciência política coletiva.
No âmbito da Operação Urbana Consorciada da Izidora há várias irregularidades e ilegalidades no procedimento que não atende ao princípio do direito urbanístico denominado justa distribuição dos ônus e benefícios do processo de urbanização. As empresas responsáveis pelo projeto na área irão lucrar milhões à custa da intervenção do Poder Público.
Veja onze ilegalidades apontadas pelo Grupo de pesquisa Indisciplinar da Escola de Arquitetura da UFMG no link a seguir:  https://www.facebook.com/notes/indisciplinar-ufmg/nota-p%C3%BAblica-do-indisciplinar-ufmg-sobre-as-irregularidades-jur%C3%ADdicas-dos-instru/427880817414752?pnref=story
  
    Diante disso, reivindicamos que a empresa Direcional abra mão de parte do território ocupado por milhares de famílias. Também reivindicamos que haja as contrapartidas e compensações necessárias por parte da Direcional fazendo infraestrutura.   Exigimos também que o Governo de Minas não exclua ocupações e comunidades das mesas de negociação e busque uma alternativa verdadeiramente digna para o povo das comunidades e ocupações: Paulo Freire, Maria Guerreira, Maria Vitória, Dom Tomas Balduíno, Shekinah e Nova Canaã.
Exigimos também revisão do Contrato que a Caixa Econômica firmou com a Direcional e com a prefeitura de BH, pois a Caixa e o Ministério das Cidades agiram de forma ilegal e imoral, porque assinaram contrato para construir MCMV em terrenos já ocupados por cerca de 8 mil famílias. O contrato é de 27/12/2013 e as ocupações iniciaram em junho de 2013.
    Marcharemos pela paz, pela dignidade, pela respeito à democracia, à livre manifestação pública na luta por nossos direitos, pelo nosso direito à moradia digna, por uma negociação justa e ética, contra a violência de Estado e contra a intolerância e o uso da força para a resolução dos conflitos sociais! Conclamamos todas as forças vivas da sociedade para se unirem as famílias das ocupações que lutam para se libertar da pesadíssima cruz do aluguel, mulheres, crianças e idosos e outras em uma caminhada pacífica, para sensibilizar, mais uma vez, o Governador de MG, Pimentel, do PT, para que seja efetivada uma negociação de fato justa e ética.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 02 de Julho de 2015

Pelo direito de transformar a cidade em cidade onde caibam todas e todos!

Assinam essa Nota Pública:
Brigadas Populares - Minas Gerais
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
Coordenação das Ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória – Ocupações da Izidora.

Contatos para maiores informações:
Bruno Braga: 31 86022196
Leo - (31) 9133-0983
Rafael - (31) 8812-0110
Thales - (31) 9486-6845
Monah – (31) 9320-4024
Elielma - (31) 9343-9696
Édna - (31) 7180-7639
Charlene - (31) 8534-4911






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